quarta-feira, 28 de julho de 2010

PLANEAMENTO É A CHAVE

O planeamento é a base do bom trabalho. E julgo que sou organizado ao ponto de planear o trabalho de modo a que este se faça sem sobressalto, incluindo imprevistos.
Por isso é que já planeei o que vou fazer no dia 23 de Março de 2011, mais ou menos daqui a oito meses.
Pudera, se já não havia bilhetes para o dia 22... Já foi sorte arranjar para dia 23. 
MAS JÁ CÁ CANTAM!!!!
Agora resta saber se o David vai aparecer nesse dia também...

Cartaz oficial da Roger Waters - The Wall Tour

terça-feira, 27 de julho de 2010

A INDIGNAÇÃO DO HERÓI

O distrito de Aveiro e particularmente o concelho de Oliveira de Azeméis, tem sido fustigado por centenas de focos de incêndio nas últimas semanas. Hoje, os incêndios atingiram o seu ponto máximo de intensidade e perigosidade, fazendo a PC deslocar meios de todos os concelhos vizinhos para o combate a dezenas de frentes, que já obrigaram a evacuações.
O comandante dos BV Oliveira de Azeméis, Paulo Vitória, em resposta à pergunta sobre a origem dos fogos e se supostamente esta poderia ser criminosa, respondeu como lhe ia na alma. Vi nas notícias, ao almoço, um homem resoluto em solucionar o problema, mas também consciente sobre aquilo que enfrenta, dizendo que tinha a certeza de que havia mão criminosa, uma vez que sempre que se dirigiam a um local, outros fogos deflagravam em locais totalmente diversos, obrigando a dispersão de meios, quase como se "nas últimas semanas, andamos a correr atrás de alguém, que se anda a divertir e a dar-nos trabalho". Assumindo claramente a sua disposição de não se salvaguardar perante as suas declarações ("...mesmo sabendo que possa ter que responder pelas minhas afirmações..."), Paulo Vitória disse, por outras palavras, aquilo que toda a gente sabe, excepto a Justiça deste país: que os incêndios florestais são, na sua grande maioria, resultado de manobras menos lícitas de industriais do sector que buscam o lucro fácil. Tão simples como isto. Mas quando alguém é apanhado a incendiar, normalmente é um maluquinho qualquer, com tendências pirómanas, que não sabe o que faz. Se assim fosse, temo que este país estivesse cheio de maluquinhos pirómanos. Mas não é o caso. 
À custa do património nacional, há quem ganhe fortunas. Esse é que é o caso. Não é um sector em que eu conheça os empresários, devo confessá-lo. Diz quem conhece que é assim que se faz negócio, nem que seja à custa das vidas dos proprietários e à custa de perdas de vidas de Bombeiros, que mais não são que voluntários que se sacrificam para que alguém ganhe fortunas ilícitas. Revoltou-me. Acidentes acontecem. Mas o que aconteceu hoje em Oliveira de Azeméis foi tudo menos acidente!
Um bem haja aos Bombeiros portugueses, particularmente a Paulo Vitória, pela coragem que exibem no combate, seja nos incêndios ou fora deles. Mereciam mais respeito por parte de todos os portugueses.

Foto LUSA

ABDIQUEMOS IV

Aí vem o quarto post sobre um quarto tortulho. E é mais um assunto vindo directamente da proposta de alteração da Constituição do PSD (isto dava pano para mangas). Desta vez vou tentar verificar onde estou em relação à proposta para a Saúde em Portugal, segundo a visão do P. Sem D. 
Ora é bem sabido que Passos Coelho tem uma predilecção por homens em collants e vai daí decidiu apresentar uma proposta à Robin dos Bosques. Assim, o SNS deixará de ser tendencialmente gratuito. Quem pode paga e quem não pode não deixa de ser tratado. Assim, poder-se-ia fazer com que o sistema não desse prejuízo e ao mesmo tempo introduzia-se um pouco de justiça na máquina.
Escalpelizando a proposta, penso que não é como alguns têm dito por aí. O próprio Passos Coelho chamou a atenção para o facto de haver, neste momento, pessoas que pagam duas vezes a sua saúde, pois pagam os impostos mais 1% do valor de Segurança Social (sim, é a parte que vai para a Saúde), mais os planos privados de Saúde. Enquanto isso, há muita gente que não paga, incluindo muitos que poderiam pagar.
Vamos lá a ver uma coisa: os ricos não pagam nem pagarão nenhuma vez. Podem perfeitamente continuar como estão, declarando rendimentos irrisórios que lhes dão isenções em todo o lado, ou usufruir de planos de saúde privados milionários. Os pobres continuariam a ir ao SNS sem pagar ou pagando residualmente. Mas quem auferisse, por conta de outrém, um salário de, digamos, 1000 euros mensais, naturalmente pagaria todo o sistema, e em termos individuais pagaria três vezes. Sim, pagaria impostos, pagaria nos Hospitais nos casos não previstos nos seus Seguros privados e pagaria esses Seguros privados. Três pagamentos, por tanto. Obviamente, quem auferir uma pensão de reforma superior a 500 euros pagará da mesma forma, pois pagam IRS e são considerados abastados neste país.
Por outro lado, chamo a atenção para dois princípios básicos dos quais muita gente se esquece:
  • a Saúde é um direito fundamental de uma democracia. É uma necessidade primária que deve, num Estado democrático, ser acessível, de forma gratuita, a todos. Não por uma questão de ideologia, mas por uma questão de sensatez. Pagar por ter o azar de estar doente é, no mínimo, estranho, e já não falo nos doentes crónicos. A maior parte dos quais, a aprovar esta alteração, se não eram, passariam a pobres em poucos meses. A população deste país paga impostos. O mínimo que pode pedir ao Estado é Saúde, é um SNS que lhes dê garantias de tratamento, independentemente do seu poderio económico.
  • num Estado democrático, não cabe nem pode caber a noção de cidadãos de primeira nem de segunda. Não pode haver discriminação social, seja ela positiva ou negativa, pelas posses de cada cidadão. Julgo ser uma verdade tão inquestionável que as pessoas se esquecem dela.
Muito bem. O que aconteceria ao SNS? Mais uma vez, a classe média seria a grande prejudicada, sendo efectivamente o garante da existência de um serviço nacional de saúde. Naturalmente, as pessoas começariam a questionar o facto de serem obrigadas a pagar impostos para um serviço que não utilizariam mas que têm de pagar na mesma. Tender-se-ia, com alguma justiça, a dispensar estas pessoas de pagamento de imposto referente à Saúde, depois de uma decisão do Tribunal de Bruxelas. Estas pessoas passariam a investir esse dinheiro nos seguros de saúde privados. Como já vimos, os ricos ou têm seguros privados também, ou não pagam, porque não têm rendimentos. Restam os pobres, que, através do que tivessem de pagar, seriam o único garante de existência do SNS. Que, obviamente, continuaria a dar exactamente a mesma despesa que dá hoje ao Estado, mas provavelmente com menos qualidade. A iniciativa privada entraria no negócio em força, provavelmente dominando algumas das maiores infraestruturas que temos em Portugal no que concerne à Saúde.
Só que encarar a Saúde como algo que não pode dar prejuízo e até deve dar lucro diz tudo sobre quem pensa assim. É monstruoso que o direito mais básico do ser humano seja encarado como um negócio. Se há alguma coisa que os meus impostos (e os de todos) devam pagar é a Saúde em Portugal. E depois a Educação. Sem estes dois pilares, iguais para todos, sendo que um cidadão entra num Hospital em rigorosamente as mesmas circunstâncias que o que se encontra a seu lado, é a única maneira de garantirmos que ainda há alguma democracia em Portugal, tal como os meninos e jovens não devem ser descriminados quando entram numa escola, tipo "este é rico, este é pobre, um para um lado, outro para outro". Se fizermos isto, e se encararmos a educação e a sáude, os direitos mais básicos de uma sociedade sobrecarregada de impostos que ninguém sabe para onde vão, estamos intrinsecamente a admitir que há cidadãos melhores e cidadãos piores. Estaremos, intrinsecamente, a ser anti-democráticos. Estaremos a abdicar daquilo sobre o qual o nosso país se baseia: a democracia ou o que ainda resta dela. Abdiquemos, pois, em nome do salvador da Pátria. Abdiquemos da democracia. Por seis meses? Não, talvez bem mais. 

Foto Google

sexta-feira, 23 de julho de 2010

ABDIQUEMOS III

Terceiro post. Mais um tortulho à volta da revisão da Constituição proposta pelo PSD. Desta vez, política laboral. É curto e indolor. Tão curto e indolor como a alteração proposta à nossa lei fundamental, que agora já não contemplaria a expressão "justa causa" devidamente fundamentada, mas sim uma expressão vaga dita "razão atendível" como possibilidade para o despedimento de um funcionário.
A verdade é que esta é uma das medidas que me pareceria mais coerente com o mundo laboral de hoje. Por certo, nunca como hoje, um empregado teve tão pouca importância para quem emprega. Numa vertigem de indicadores financeiros, retirados não se sabe como de que contabilidades, o mundo empresarial já não é aquele que dantes conhecíamos. Antigamente, uma empresa chegava ao final do ano, faziam-se as contas entre o Deve e o Haver e deu-se Lucro ou Prejuízo. Hoje não é assim. Hoje há mil e uma maneiras de avaliar uma empresa, há contabilidades diferentes consoante são para apresentar às Finanças, aos accionistas ou aos colaboradores.
Não há muito tempo, o factor de sucesso de uma empresa era a sua produção. De preferência de qualidade. Hoje, o factor de sucesso é o resultado das acções no final do ano. Não vale a pena considerar um operário se este não faz subir as acções. Não, quem faz subir as acções são os gestores. Dêem-se loas aos gestores, dispensem-se os operários. Não há muito tempo, o que interessava era o conhecimento do trabalho, a capacidade para produzir algo que vale alguma coisa. Hoje, a capacidade de trabalho está em analisar números da Bolsa, que são considerados como indicadores do "Mercado". Até esse conceito evoluiu, pois dantes o mercado eram as pessoas, eram os consumidores, eram aqueles que compravam o que as empresas produziam. Hoje, o mercado são aqueles que compram e vendem pedaços de empresas, uma espécie de deuses da era moderna, dispondo de todos os outros como se seus súbditos fossem. 
Num mundo que dá mais importância a meia dúzia de loucos gananciosos e ao que dizem e fazem, que valor tem um operário? Um empregado? Que valor tem o seu trabalho? Que valor tem a sua vida, a sua realização profissional, a vida da sua família? Nenhum. O que interessa são os números de abertura da Bolsa e os números de fecho. O que interessa são fusões, aquisições, OPAs, OPVs e capitais transferidos.  Já não interessa o trabalho.
E, no entanto, hoje ainda, é o trabalho, o meu, o nosso, o de todos, que faz aparecer o que de real tem a vida: um meio de subsistência. E não só o próprio, mas, ao fim e ao cabo, o meio de subsistência de todos aqueles que pensam que já não precisam de produzir nada, a não ser números num quadro, para que a economia floresça. A situação é insustentável. Os valores multiplicam-se indefinidamente sem haver correspondência física. As empresas desmoronar-se-ão como castelo de cartas, porque se esquecem de produzir algo. Porque se esqueceram de quem produz algo, de quem vende algo, de quem consome algo, de quem compra, com dinheiro real, algo. 
Neste contexto, depreciar o trabalho como um bem do qual se pode pôr e dispor livremente, pode fazer sentido, mas se a economia virtual ruir de vez, como ameaçou recentemente, e a questão aqui não é tanto o se mas antes o quando, mostrando que a avareza é maior do que qualquer lição que se possa aprender, qual será, então, o valor do trabalho? O PSD parte do princípio que esta economia virtual vingará no futuro, se tornará mais forte, e aparecerá cada vez mais dinheiro nos números, sendo cada vez mais claro que ele não existe nos bens. É uma acepção arriscada, mas o partido e o seu líder sabem porque preferem acreditar nesse cenário.
O PSD utiliza um estratagema precioso e absolutamente desprezível nesta proposta: define que o despedimento só pode dar-se ante uma "razão atendível", mas deixa que a legislação normal defina qual essa razão atendível e, outro aspecto que ninguém reparou, atendível para quem. Ora, como sabemos, a Constituição só pode ser mudada com dois terços dos votos da AR. A legislação normal pode ser aprovada por uma minoria desses votos. É um estratagema em si mesmo desrespeitoso para com uma norma que faz com que não vejamos arbitrariedade nos despedimentos. Porque, uma vez introduzida a "razão atendível" na Constituição, esta pode ser o que o partido do Governo muito bem entender. Ou seja, arranjar-se-ia forma de liberalizar de vez os despedimentos, facto que o próprio PSD já aventou como sendo uma forma de diminuir o desemprego. Por certo, é entendível - se se puder despedir à vontade, com certeza haverá menos despedimentos. É de uma coerência a toda a prova.
O direito ao trabalho é um direito que nos assiste enquanto cidadãos deste país. Um direito que, para o PSD, deixaria de existir. Abdicaríamos desse direito. Abdiquemos, pois.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ABDIQUEMOS II

Segundo texto desta série, desta vez sobre outro tortulho - as SCUT.
Estava já previsto no PEC, não sei exactamente em qual deles, se no 1, se no 2, se no 31534, que se implementassem portagens nas SCUT. É uma receita que dá jeito ao Estado, e daria ainda mais jeito se, por via das negociações com o PSD, o governo não tivesse de adiar o início das cobranças para 1 de Agosto. Tenho, sinceramente, muitas dúvidas que tal seja implementado nessa data. Ora, o facto de a medida estar desde já impressa no PEC impede muitos dos protestos que por aí se ouvem contra. Isto porque quando o PEC foi aprovado, ninguém ou quase ninguém se levantou a protestar, pois as medidas do PEC pareciam, num primeiro instante, nem afectar grandemente ninguém. Mas o português é mesmo assim, e só quando está alagado até ao pescoço é que se lembra que a enxurrada também podia passar à sua porta. Um pouco à imagem dos professores, que, e muito bem, lutam pelos seus direitos e pela manutenção da qualidade de ensino, mas se esqueceram de protestar quando foi aprovado o SIADAP para toda a FP.
Além da inusitada trapalhada de todo este processo, com recuos e avanços de ambos os partidos (PS e PSD), com exigências novas todos os dias de parte a parte, incluindo uma inédita tentativa de marcação de reunião em directo num debate televisivo, há que salientar o que realmente é mais importante nisto tudo: os nossos valores. Ou seja, somos ou não, a favor do conceito de "Utilizador-Pagador"? Tudo o resto pode doer, mais ou menos, na carteira. Mas este princípio é importante. Tem-se falado muito dele e agora eu pergunto se os portugueses são ou não a favor dele. E a minha opinião é que não, não são. E há várias razões que me levam a pensar isto:
  • sendo que Lisboa está rodeada de portagens por todos os lados, é recorrente que habitantes desta área do país se levantem e apontem o dedo aos nortenhos, afirmando que também têm de pagar; aliás, também as região de Braga e Coimbra (entre outras) têm esse sentimento - obviamente, pode parecer legítimo, à primeira vista. O facto é que devíamos lutar por estarmos todos bem e não lutarmos por nos encontrarmos todos mal. Um defeito português. Invoca-se aqui o conceito de utilizador -pagador apenas na perspectiva de vingança regional.
  • O PEC prevê esta medida como fundamental para equilibrar as contas do Estado. Ou seja, subverte-se o conceito de utilizador-pagador para o conceito de contribuinte-beneficiário;
  • A EP - Estradas de Portugal já afirmou que as verbas provenientes das actuais SCUT serão determinantes no saneamento financeiro da empresa. Assim sendo, e visto que as obras de manutenção e beneficiação das próprias SCUT ficarão a cargo da concessionária, a EP, que faz obras similares nas estradas nacionais de todo o país, aproveitará este dinheiro para pagar essas obras. Logo, não há conceito de pagador-utilizador, mas sim e mais uma vez, o de contribuinte-beneficiário, sendo o contribuinte o utente das SCUT (e demais concessões) e o beneficiário todo e qualquer utente de qualquer estrada nacional;
  • por fim, o conceito de utilizador-pagador pode dar azo a perversões perigosas. Como exemplo, temos que os municípios deste país são obrigados a pagar as despesas de manutenção das estradas municipais. Ora, na zona das SCUT e noutras zonas do país, as estradas outrora nacionais converteram-se em estradas municipais, salvo raras excepções. Será, segundo o conceito utilizador-pagador, legítimo que qualquer município imponha portagens para entrada de veículos na sua área geográfica, uma vez que nós utilizamos as estradas municipais e (à partida) não as pagamos. E pode aludir-se aqui ao Imposto de Circulação, que reverte, em parte, para as Autarquias, como sendo esse pagamento. Mas se esse é o caso, então o Imposto Automóvel e o IVA até aqui pago sobre o IA dariam para pagar as portagens das autoestradas e pontes, certo?
O interessante aqui a reter é que os portugueses são a favor do conceito utilizador-pagador quando não utilizam nem pagam. Quando as coisas batem à porta, já não são a favor. Quando tivermos portagens em cada fronteira de concelho, será que o sentimento de utilizador-pagador ainda se manterá? Quando formos sujeitos a uma intervenção cirúrgica e tivermos de pagar o custo real da mesma, será que manteremos o conceito como válido? E quando tivermos de pagar o custo real da escola dos putos? E quando tivermos de pagar o custo real da limpeza das praias? E quando tivermos de pagar o custo real de uma intervenção dos Bombeiros? E quando tivermos de pagar o custo real de uma intervenção do INEM?
O conceito de pagador-utilizador aplica-se bem ao sector privado. Mas, como vemos, se calhar no sector público não aceitaremos isso tão bem. Por uma questão simples: pagamos impostos. Não podem servir apenas para pagar mordomias. Queremos algum retorno. Concordar com o conceito de utilizador-pagador em coisa pública é abdicar dos nossos direitos expressos pelo pagamento de impostos. Abdiquemos, pois.

Foto Google, A29

ABDIQUEMOS

Este, provavelmente, é um de uma série de posts que penso publicar sobre alguns dos assuntos que por aí pululam na nossa sociedade. Sim, porque isto é como caminhar na floresta no Outono, dá-se um pontapé e pulula um tortulho. É assim Portugal por esta altura, tropeçamos em assuntos nem que não queiramos.
Um dos assuntos em voga é a proposta de revisão constitucional do PSD. Ora, como dizem, e bem, os mais eminentes membros do partido, é altura de discutir a Constituição e não pode haver assuntos proibidos. Concordo, não há assuntos proibidos. Quanto à necessidade de emendar a Constituição... Há sempre, não é? As coisas têm de evoluir e estagnação não interessa, ou os tortulhos deixam de pulular. Esta proposta de revisão constitucional tem algumas medidas, umas mais e outras menos polémicas. Para começar, gostaria de dar a minha opinião sobre a proposta para a educação. Ora a proposta é simples, deixar de figurar na Constituição o facto de ser o Estado a promover o ensino (excepto o pré-primário) e também a expressão tendencialmente gratuito. Ora, duas propostas que não poderiam ser dissociadas, uma vez que se ao Estado não caberá mais a promoção do ensino, evidentemente este deixa de ser tendencialmente gratuito. E este "gratuito", no Ensino Básico, até tem alguma razão de ser. Não sei se o ensino superior ainda se pode considerar tendencialmente gratuito. Mas é o que é. 
Analiso, pois, as implicações destas alterações na Constituição. Penso ser mais ou menos óbvio que abrimos a porta aos privados para gerirem as escolas portuguesas, pelo menos a maior parte delas. Admito a hipótese de não serem todas, pois tem de haver condições para reunir numa ou duas escolas, por ali e por acolá, os alunos que não têm manifestamente possibilidade de pagar propinas, embora nada tenha sido dito nesse sentido, ao contrário do sector da saúde (lá iremos). Logo, o ensino tenderá a ser pago. Assim sendo, quem paga é cliente e não nos podemos esquecer disso. Mas esse é o menor dos problemas. Estudará nas escolas privadas quem pode e quem não pode estudará nas públicas. Mas não esqueçamos que ao Estado não caberá a promoção do ensino, logo este tenderá a desinvestir no sector, mantendo o mínimo de escolas a funcionar, apenas para "tapar o buraco" dos mais pobres.
Considerando que os mais pobres terão então de estudar em menos escolas, terão, obviamente, de se deslocar para estas. Como estas serão menos, os mais pobres terão de cobrir maiores distâncias para ir à escola. Perderão mais tempo, assim como provavelmente gastarão mais recursos às respectivas famílias que, se já eram pobres, se tornarão, obviamente, mais pobres ainda. Em contrapartida, poderá o estado providenciar no sentido de assegurar o transporte, o que fará que o próprio Estado volte a aumentar as despesas com a Educação que esta medida permitiu cortar. Por outro lado, os alunos mais pobres poderão ir à escola, mas perderão horas a ir e horas a vir da mesma, ou seja, terão menos tempo e condições físicas para estudar. Logo, terão piores resultados escolares, o que poderá em última análise resultar em mais anos de frequência e novo aumento de despesa para o Estado.
Depois, há os professores, que terão um mercado de trabalho privado, sem escalões nem topos de carreira, a menos que se mantenham no Estado. Mas terão os mesmos problemas que os alunos no que toca a despesas. Por outro lado, o privado tenderá a fazer seriação de profissionais e a pagar melhor aos melhores e a empurrar os piores para o Estado. Mais uma vez, os mais pobres pagarão com a menor qualidade do ensino, e consequentemente com o aumento de despesas a que já fiz referência. 
Além disso, há os pais. Os pais pobres, que enviarão os seus filhos para as escolas do Estado, terão acréscimo de despesas de transporte, ou então "passarão" essa despesa ao Estado. De qualquer das formas, verão os seus filhos com uma qualidade de ensino inferior. Os pais que podem pagar as propinas dos filhos verão os seus filhos na escola ao virar da esquina, embora insistam em ir buscá-los, mesmo que frequentem o 12ºAno (juro que ainda não percebi esta mania). Mas, por outro lado, continuarão a pagar os seus impostos, parte dos quais irão para o financiamento do sistema público, ou seja, pagarão o ensino dos seus filhos e o ensino dos dos outros.
Depois, há as Universidades, cujas propinas tenderão, obviamente, a aumentar para perto do custo real de cada aluno ou até ligeiramente ou mais do que isso acima desse custo, pois as Universidades, por arrastamento, deixarão de ser públicas e serão geridas numa perspectiva privada, que, obviamente, terá de incluir a geração de lucros para os investidores. Tenderão a entrar nestas Universidades os alunos que as possam pagar, e que não serão todos os que pagaram o Ensino Básico, pois a Universidade tem custos muito mais elevados. Por outro lado, por certo atribuirão bolsas aos melhores alunos que não possam pagar, sendo que os que ficaram pelo ensino de pior qualidade do sector público no E.B., provavelmente terão poucas hipóteses de obter resultados que lhes dêem essa possibilidade. Logo, ganharão os alunos do E.B. privado, que a custo pagaram o E.B., mas já não conseguem pagar o E.S. Mas, evidentemente, têm de manter os resultados em cima, ou seja, têm de tornar-se os melhores alunos da Universidade. Aqueles cujas famílias não têm problemas com propinas, andarão mais à vontade e serão a grande massa de estudantes das Universidades, cujo número de alunos tenderá a diminuir, por força das restrições económicas impostas pelas propinas. Ora, nessa altura o lucro será menor e das duas uma: ou se despedem os professores mais caros e (tendencialmente) melhores, baixando massa salarial e consequentemente a qualidade do ensino, ou então o estado terá de apoiar financeiramente estas instituições. Há ainda a possibilidade de serem empresas de outros ramos a pagarem o que falta nas universidades, empresas essas que irão absorver os melhores alunos para os seus quadros, sendo esse factor decisivo de perversão de livre concorrência no mercado, uma vez que empresas de menor dimensão que não têm as possibilidades das grandes não terão acesso à melhor mão-de-obra e acabarão por definhar.
Não quer dizer que muitas destas coisas já não aconteçam hoje. Vão é acontecer muito mais naturalmente. Mas se o Estado apenas paga para os mais pobres, os outros, que pagam os impostos do Estado, poderão excusar-se a pagar a parte dos impostos que será atribuída em Orçamente de Estado à Educação. Pelo que poderão a vir a ser exclusivamente os impostos dos mais pobres a pagar a educação no estado. Esta é uma situação extrema, mas perante a maneira de pensar da maior parte do povo português com posses mínimas, é bem plausível. Ou seja, paga quem tem menos. E vamos ter ao mesmo, pois pagarão obviamente menos e menos terá o Estado para se governar, que terá de se financiar lá fora para pagar  os "serviços mínimos de educação"...
E assim por diante, podia cá estar a noite toda... Abdiquemos, pois, da Educação. Não podemos abdicar de Institutos, deputados, reformas de quatro dígitos a triplicar, da Casas Civis e Militares, de assessores e secretários e subsecretários... Por isso, cortemos na Educação e estude quem já nasceu com dinheiro para isso. Os outros, paciência. Ou seja, abdiquemos. Abdiquemos da igualdade, abdiquemos da democracia.
Foto: UA, Complexo Sul, Google

terça-feira, 20 de julho de 2010

NEM QUE SEJA À LEI DA LEI!!

A Síria acaba de proibir o uso do niqab nas Universidades públicas e privadas do país. A notícia está aqui, e como afirma, nestes países árabes do Médio Oriente, não é comum o uso deste tipo de vestimenta. Por isso me espantam repórteres portuguesas a usar véu na Jordânia... Se nem elas o usam... É o tal grande jornalismo, ou quem lhe paga...
Seja como for, e isso pude também ultimamente constatar na Jordânia, na Síria há uma forte ofensiva religiosa para se implementar mais, entre a população feminina e particularmente entre as jovens, este tipo de vestuário, em si mesmo, um símbolo do islamismo. 
Já o Egipto tinha adoptado, há um ano, legislação semelhante, que já existe na Jordânia há mais de uma década. A explicação é simples: proteger o carácter SECULAR destes Estados de ofensivas ultra-religiosas vindas principalmente do outro lado da fronteira, da Arábia Saudita, e também do Irão, curiosamente dois países em posições antagónicas face ao Ocidente mas com algumas semelhanças no extremismo islâmico, embora a Arábia seja sunita e o Irão xiita.
Nem que seja à Lei de Lei, não permitam que o progresso acabe por acção desses mentecaptos.

Foto Reuters

sexta-feira, 16 de julho de 2010

NOTA DE RODAPÉ

Notícia de capa do Destak de amanhã: PORTUGAL É DOS PIORES PAÍSES PARA MORRER!
Estranho, pensei que fosse igual em todo o lado...

ESTAVA DIFÍCIL

O eterno tema do modo de trabalho, uma espécie de tabu dos tempos modernos, ajudado por certo por algumas almas bem intencionadas como algumas que vi na TV hoje de manhã, antes do... trabalho. Sim, porque tenho um vício matinal, além de tomar o pequeno almoço. É ligar a TV num de dois canais, a RTP1 e a SIC Notícias. Depende efectivamente se tenho pachorra para ver ou não o Minuto Verde. Agora que penso nisso, a SIC Notícias é o canal que mais vejo. Parece, que afinal, gosto de actualizar a informação. Gosto de saber o que aconteceu durante a noite, como aquele gajo que destruiu a IURD de Faro com uma empilhadora, ou saber se o Brent está acima ou abaixo, informação extremamente preciosa embora redundante com o avançar do dia.
Bem, mas isto não era sobre notícias nem TV. Era sobre um dia de trabalho. Que correu bem, começando às 09:02, com um telefonema abençoado da FB que me apanha sempre com os olhos semicerrados a tentar vislumbrar os traços da rua pelo meio das olheiras. E o telefonema era sobre qualquer coisa que agora não me lembro. F, se quiseres elucida, porque agora deu-me a branca, terra simpática perto de Albergaria. Já sei que até te dei trabalho ao longo do dia, mas se não o fizesse era sinal que não trabalhava eu também. E pois, foi assim. Até pensamos (hoje até fiz visitas partilhadas com um colega) em ir almoçar fora, mas o dinheiro da companhia é como se fosse o nosso e Serzedo fica perto da instalação. E lá fomos para a cantina...
E a tarde correu com o trabalho administrativo, porque também o tenho, e porque até tinha umas coisas para enviar e coiso. E são 18:17 e penso que vou para casa, até porque o dia foi bom em termos económicos e o pessoal até parece que viu todo a SIC Notícias de manhã, com o gajo que desfez a IURD e o Brent a subir. E sem Minuto Verde, hoje não estava com pachorra para ti, ò Chico... E até deu para estar mais um quarto de hora à conversa com um colega, o FP, sabes, F? O homem é um poço de conselhos. Sigo poucos porque penso ter pouco em comum com o homem, à parte trabalhar na mesma equipa, não ter filhos e ter vindo da RP... Parece muito, mas eu peso menos 40 kgs. E vejo bem. E não vou muito ao El Corte Inglés...
Chego a casa, dou o mimo desejado à gata. A menina ainda não chegou. Não tem horário. É TOC... São por aí umas 19:30 e toca o telemóvel do trabalho. Deixei tocar, por duas razões. A primeira é que mudei de toque (do Comfortably Numb para o Parabola) e estava deliciado a ouvir os Tool. E depois, porque era uma chamada de trabalho. Ao fim de um minuto inteiro, deixou de tocar. Passados cinco minutos, toca novamente. Novamente os Tool. Desta vez tocou 40 segundos. Ainda esperei a chamada 3, de vinte segundos, normalmente seguida de uma mensagem mais ou menos irada. Mas não. Perceberam. Estava difícil...
Um dia, o meu chefe (sabes quem é, F?) disse-me que tinhamos que estar sempre alerta, mesmo à noite, pois pode acontecer uma tragédia num cliente. Pode, pensei eu... Mas o cliente também sabe o número do 112, não sabe? É 112. Nos Hospitais, há a porta da frente, que é para as visitas. E há duas portas atrás. A das Urgências, para os necessitados. E a da Morgue, para os desesperados.

E a imagem é do Google e coiso mais o camandro do passaroco.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ANTES DÚVIDAS QUE DÍVIDAS

Há algo que me faz espécie. E esta expressão é o cúmulo da indefinição, já que fazer espécie não é coisa que se entenda. Segundo os escritos antigos, o único que fez espécie foi Jeová. É, portanto, uma declaração religiosa que retiro de imediato. Ok, não me faz espécie. Faz-me cócegas no cérebro. Sim, tomo banho. Não é no couro cabeludo, porra, é por dentro! Sei lá se é cera infiltrada! Espero que não...
Ora, se os países europeus devem, se os EUA também devem, a Rússia e o Canadá devem... Isto é que foi uma transição, hein? Parecia aqueles DJ que passam do Elvis para os Nine Inch Nails sem pestanejar... Olha, NIN... Vou pôr a tocar!... Escrevia eu que se eles devem, devem dever a alguém... Está bem, foi o que se arranjou, já sei que é um português estranho dever dever a alguém...Raça dos putos!... Ora, a quem devem estes países? À China e à Índia, pensei eu de imediato. Talvez também ao Brasil e ao México. As chamadas economias emergentes, aquelas que dão entrada no Hospital pela porta das traseiras. Na outra ao lado, aí é a morgue, ò amigo!
Eis senão quando (outra expressão que não diz ponta de um corno), soube que a Índia, a China, o Brasil, o México... também devem. Então os desenvolvidos devem, os emergentes também devem... Mas devem a quem?? Será que devem à Somália e os gajos agora andam a piratear barcos para cobrar juros? Não, rebuscado demais. Andei para aqui nesta questão segundos sem fim, apelando a todas as minhas conhecidas capacidades no campo das teorias da transpiração e nada. Não me sai nada. A única conclusão que tiro é que todos os países devem. Mas devem a quem??? Se muitos devem, devia haver alguns a quem devem. Mas não há. Portanto, para aqueles que não admitem teorias da transpiração, da respiração, da distribuição ou até teorias da excitação, pensem bem nisto... É que os governos dos países soberanos deste Mundo devem, não se sabe bem a quem. Mas devem. E quem deve paga. E se não paga com juros, pois isso do dinheiro não anda para aí a fazer-se todos os dias, pagam de qualquer outra forma. Não quero puxar para aqui teorias de Bilderbergs e coisas do género. Por falar nisso, o mais recente companheiro de viagem de Balsemão foi Passos Coelho. Mas isto já é teoria da contramão...
Por falar nisso, a agência de rating Moody's baixou mais dois níveis a classificação da dívida externa portuguesa. Alegam que as medidas para fazer face ao aumento da dívida externa vão diminuir o crescimento. Há dois meses, para estes senhores, as medidas para estimular o crescimento faziam aumentar a dívida. Alguém se importa de levar uma maleta de euros a NY e pagar logo quatro ou cinco níveis? Como? Sim, claro, uma mala de viagem , Ok... Estava a falar com o senhor da Moody's... Até cheguei a pensar que esses ratings não eram pagos, porra...

Imagem Google

segunda-feira, 12 de julho de 2010

UMA VITÓRIA À PORTO!


Palavras para quê? É um artista espanhol... Gostaria de saber que fruta foi servida hoje em Joanesburgo, bem como nos oitavos e quartos de final. Se calhar, a mesma que é servida ali para os lados do Freixo... a de dormir. Provavelmente com tom mais escurinho...

Vídeo Youtube

sexta-feira, 9 de julho de 2010

AINDA SOBRE O PORTUGAL-ESPANHA

Não é grande novidade que Portugal e Espanha sempre mantiveram uma rivalidade mais ou menos saudável ao longo dos tempos. O país Espanha só nasceu no final do séc.XV, altura em que Portugal já tinha as suas fronteiras terrestres bem definidas e procurava alargar as ultramarinas. Por isso, quando Afonso Henriques decidia excursionar até Zamora ou Salamanca para roubar caramelos, não se podia dizer que estava a invadir Espanha. Por outro lado, quando Filipe II de Espanha se aproximava da fronteira com Portugal, anunciava alto e bom som que ali mudava de nome para Filipe I de Portugal, não fosse o Rei de Portugal zangar-se com a invasão do Rei de Espanha. Saudável, portanto. E isto tudo acerca de um jogo da bola? Mas qual jogo da bola?
Eu quero mesmo é falar da PT. A Telefónica, espécie de PT espanhola, queria comprar a Vivo, espécie de Optimus brasileira, à PT portuguesa. Ou, pelo menos, a parte que a PT tem na Vivo. Vai daí o Sócrates apelou para a ignorância e vetou o negócio, usando a arma que tinha mais à mão: a parte dourada (golden share em inglês, que é confundida com golden chair - a cadeira dourada, ou mesmo com golden shower, que é outra coisa). Caiu o Carmo e Trindade em Madrid, depois em Portugal, e depois em Bruxelas. Em Madrid, porque o Mundial está a correr bem e não há árbitro que apite uma falta contra a Espanha. Em Lisboa, porque os accionistas da PT estavam na perspectiva de encher os bolsos, e em Bruxelas porque sim.
Esta última parte é interessante. Em Bruxelas rapidamente se reuniu o supra sumo dos tribunais, o Europeu, para declarar que Portugal não deve ter a tal parte dourada em nenhuma empresa. Isso vai contra a livre circulação de capitais. Há uma coisa que me faz impressão. O governo português vetou a compra, por parte de uma empresa espanhola, de um activo brasileiro de uma empresa portuguesa. É um negócio verdadeiramente internacional. Os espanhóis acham muito bem a decisão da UE, o Sócrates fica a clamar que a UE é ultra neo-liberal (ou acordou agora ou é mesmo hipócrita, a UE sempre foi neo-liberal), mas dos brasileiros nem se ouviu nada. Seria uma quarta língua a ouvir-se, depois do português, castelhano e europeu (euringlês), desta feita o brasileiro. Para mim é uma língua, depois do acordo ortográfico que ninguém acordou e com que ninguém concorda. Será que a UE também já inclui o Brasil?
Ora, os espanhóis não deviam ficar ressentidos com isto. É certo que não há compra da PT, mas também é certo que a Vivo é um activo importante da PT. E será demais relembrar o que aconteceu, há dois anos, com a Lukoil e a Yukos? Meus caros hermanos, o vosso governo não prescindiu do controlo sobre a Repsol apenas porque apareceu dinheiro para adquirir 20% da petrolífera... Pois, mas a Lukoil e a Tukos são russas! Pois, e a Vivo é brasileira, e depois? 
Bem, mas depois há o governo português, que considera a PT uma empresa de carácter estratégico, razão pela qual mantem lá uma parte dourada. E agora pergunto eu: porque razão não vão manter uma parte dourada na EDP? Ou na Galp? Já anunciaram que prescindem deste mecanismo nestas duas privatizações que serão concretizadas muito em breve... Será que Sócrates tem confiança na gestão da Galp e EDP e não tem tanta na gestão da PT? Mas, se esse é o caso, porque razão permite que se paguem os salários escandalosos aos gestores da PT? Será que o governo está confiante que nem a Galp nem a EDP poderão algum dia ser controladas por estrangeiros? Então, nesse caso, aconselho o governo português a comparar o tamanho da Galp com o da Repsol... Não é aquela dificuldade...
Ora, isto tudo para dizer que a gente só ganha à Espanha se o árbitro for imparcial (que não é) e se acontecer um milagre, coisa que pode acontecer, mas não deve. Por isso, antes que eles se lembrem de comprar PT, EDP, Galp e tudo o mais que se lembrem, estejam lá quietos com isso. Os gajos ainda ficam vingativos e compram esta merda toda. E se isso acontecer, ò Sócrates, onde vais meter tanto boy incompetente??

Foto Google

terça-feira, 6 de julho de 2010

SE ISTO FOSSE UM BLOG DE GAJA

Estaria agora por aqui a escrever que matava por um par destes. Até ia à loja em New York (isso de dizer Nova Iorque está fora de moda) comprar um parzinho destes, só para meter inveja à vizinha do 3ºesq (seria aqui que veriam que nunca iria a New York comprar sapatos e seria altamente duvidoso que alguma vez lá tivesse postos os cotos)...
Bem, nem sei se isto me ficaria bem, mas gostaria de ter um par destes, se conseguisse arranjá-los a um preço de Loubotinos (serão louvo o Tino de Rans?).
E não me perguntem porquê!!!!

PS: Foto Google

domingo, 4 de julho de 2010

LEGITIMIDADE MORAL

Há um conjunto de figuras públicas, encabeçada pelo Dr. Medina Carreira, que tem chamado a atenção para o abismo para o qual inevitavelmente o país se arrasta. É o chamado "conselho de sábios", que Cavaco tem ouvido regularmente. É uma espécie de clube de ex-ministros das Finanças, desde o 25 de Abril até agora. Ou seja, no fundo, os grandes responsáveis pela situação que atravessamos são aqueles que agora dão conselhos acerca do melhor caminho a tomar para sairmos desta situação. E é bem verdade que são capazes de o fazer, basta aconselharem exactamente o oposto do que fizeram quando foram poder e talvez tenhamos uma chance. 
Mas não parece que tal esteja a suceder. O culpado é o povo, que suga ao país as suas riquezas, através do Sistema Nacional de Saúde, que urge privatizar, o sector da Educação, que urge ser pago, as pensões de reforma, que urge serem reduzidas, os salários, que urge serem reduzidos, a dificuldade de se despedir aleatoriamente qualquer empregado (de forma a aumentar... o emprego!), os avultados subsídios de apoio social, incluindo a fortuna que é o Abono de Família, a existência de subsídio de férias e de Natal, as indemnizações a pagar aos que são despedidos sem justa causa, etc.
Um destes "sábios" é Eduardo Catroga, um dos mais desastrados e desastrosos ex-ministros das Finanças, que fazia parte do governo que mais responsabilidades tem na actual situação, precisamente o de Cavaco Silva, quando foram permitidos o crédito livre para todos e o crescimento artificial da economia através de injecção de dinheiro na economia que, simplesmente, nunca existiu, o governo que permitiu que começassem todas as trapalhadas promíscuas entre sector privado e Estado. O Dr. Catroga arranjou este emprego interessante, que consiste em entrar para a Universidade Técnica de Lisboa com um horário a tempo parcial de 0% (ou seja, escusa de lá ir) e receber o ordenado como Professor Catedrático, algo parecido com o do Primeiro Ministro, mais coisa menos coisa.
Nós, o povo, já não duvidamos das conclusões destes senhores, até porque são consequências do seu próprio trabalho e eles devem conhecê-las bem. As soluções que apresentam, já sabemos, não podem ir contra aqueles que lhes pagam para irem preparando o caminho para nos retirarem grande parte dos direitos que temos, também já sabemos disso. Mas ganhem um pouco de vergonha na cara. Catroga tem pensões no valor, ao que dizem, de 10000 € mensais. Mais ainda terá Medina Carreira, que acumula várias pensões, que vêm dos cargos que ocupou, tanto em diversas instituições públicas de menor renome, como no Governo e no Banco de Portugal. Meus caros, apontem-nos caminhos, digam o que vos aprouver em relação à situação que vocês criaram e nós caímos. Mas, por favor, ganhem alguma Legitimidade Moral. Pelo menos isso. Tenham vergonha, por favor!!

PS: Imagem do blog Tripalium, texto inspirado no mesmo blog, url ali ao lado.

POST SOBRE O MUNDIAL!

Ah pois,só assim consigo que alguém venha ler alguma coisa por aqui. No início, até tinha ideia de que não escreveria nada sobre o Mundial. Eu, que até nem acho que as pessoas se distraem assim tanto com o futebol e estão atentas ao que se passa. Bem, entrei em várias discussões com muitas pessoas que acham o contrário, que o futebol é a distracção principal do povo e que o Governo faz o que quer nestes dias. 
É tudo muito giro, muito giro, mas vão aí pelo blog abaixo e vejam quantos posts sérios, sobre a realidade política e social deste país, eu escrevi durante o Mundial. Estão a ver? Agora comparem com o número de comentários com os posts do Mundial, que foram para aí dois... Nos outros blogs, do pessoal que se farta de dizer que o futebol é isto e aquilo e que até nem ligam e nem gostam e mais não sei o quê, só se vê Mundial por todo o lado... Decidam-se lá, porque estas coisas deixam-me doido!!
Vou falar mesmo sobre o Mundial. E estamos nas meias-finais e parece que por esta altura só lá estão quatro equipas. E três são europeias e uma sul americana, contrariando os românticos que, perante a eliminação de França, Portugal, Itália e Inglaterra, afirmaram que este seria o ano das equipas africanas e sul americanas. Em rigor, os africanos foram todos à vida bem cedo, o que se adivinhava, perante a eliminação da principal selecção de África, a França. Vai ser um Mundial europeu, mais uma vez. Os alemães empacotaram a Argentina com quatro, o que nem me surpreendeu muito, dada a má qualidade da defesa gaúcha. Além disso, por muito que Maradona tenha a minha simpatia (e sempre terá, como a figura maior do futebol mundial), isto de romantismos para além do razoável paga-se caro...
O Gana quase conseguia passar às meias finais, mas, a bem da verdade, o Uruguai é bem mais forte e tem dois ou três jogadores de imensa categoria. A Holanda, que joga literalmente em bicos de pés, e para verificar isso basta atentar nas suas duas maiores figuras, Robben e Sneijder, que parece que não fazem mal a uma mosca, pôs bem a nu as fragilidades defensivas brasileiras, apesar do esquema ultra realista de Dunga. É que isto de ter grandes jogadores a atacar é giro, mas também é preciso vê-los a defender. Coisa que não sabem.
Dos quatro semi finalistas, o outsider é a Espanha. Pela primeira vez, a Roja chega às meias finais, coisa que Alemanha e Holanda estão fartinhas de conseguir. Até Portugal já lá chegou por mais de uma vez. E a Espanha é um outsider? Campeã europeia, favorita à partida... Sim, é a única das favoritas de início a figurar nas meias finais. Mas, de longe, é a pior  (ou menos boa) das quatro selecções. Já não é a Espanha do Euro 2008. A equipa tem um meio campo muito bom, mas teima em jogar na paciência e hoje mesmo o Paraguai, não fosse um desinspirado Cardozo e um desastroso árbitro da Guatemala(?), que prejudicou no que pôde a equipa sul-americana, estaria a festejar em lugar dos espanhóis. Já com Portugal, e apesar de ter vencido bem, a Espanha ganhou com um erro de arbitragem "conveniente". Resta saber porque será que é tolerável, para a FIFA, que um presidente de uma Federação seja o responsável pelas nomeações de árbitros para o Mundial. No caso, da espanhola. Esta equipa espanhola é uma equipa interessante, mais interessante, por exemplo, que a portuguesa. Mas tem alguns problemas. O que é o Sérgio Ramos? É jogador da bola? E o Capdevilla, será também assim tão bom? Perante a infantilidade de Piqué, será mesmo um dos melhores centrais do mundo? E será que o furacão Puyol, que come tudo e todos e não tem medo de ninguém, tem a necessidade de se queixar ao árbitro de uma carga de ombro do Cardozo?
Não me parece que a Espanha tenha grandes hipóteses contra a Alemanha... Mas, que sei eu? Já me disseram mais que uma vez nestes últimos dias que sou burro a ver futebol... Mesmo tendo defendido que o Meu Benfica seria campeão este ano, logo à quinta jornada. Também me chamaram burro. 
Já agora, nos sites oficiais, o golo de Espanha contra Portugal foi retirado, pois "é propriedade intelectual da FIFA"... Mas já apareceu no Youtube...
Quanto ao resto, vejam lá se se entendem. Vejam lá se puxam assuntos da realidade social e política deste país. É que me parece que quem mais fala do povinho dos três f's mais de f's gosta.

PS: Foto Google